No dia 23 de abril comemora-se o livro e
os direitos de autor. Porque cada livro tem o seu autor que o gera, que o ama e
o ensina, transmitindo-lhe, entre muitas outras que existem, uma forma de ser,
de estar e de comunicar. Cuida dele, educa-o e fica a vê-lo a crescer em
tamanho e em conteúdo, até este se tornar adulto, mais maduro e, um dia,
resolver partir. Claro que, como qualquer pai ou mãe que vê a sua cria prestes
a abandonar o seu ninho, também o autor fica mais sozinho. Alguns sentem-se vazios
e pensam que o pior está para vir, que algo de mal poderá acontecer, mas é a
lei da vida e do livro. Os filhos crescem, emancipam-se, vão para longe e
viajam pelo mundo, mas jamais deixarão de ter onde morar. Tal como nós, que
temos um lar que nos guarda e nos deixa seguros, também os livros têm uma casa
própria sem muros. No Antigo Egito chamava-se o “tesouro dos remédios da alma”,
pois era onde se curava a ignorância e se enriquecia o conhecimento. Hoje
chamam-se bibliotecas. Continuam a ser um baú que nos guarda o tesouro e
estarão sempre onde existirem pessoas. A propósito de riquezas, de legados e de
sabedoria, num tempo de tragédia que nos inquieta a alma com a partida súbita
dos mais velhos, resolvi terminar com o provérbio de um autor desconhecido que,
antes de ser o filho que partiu e viajou entre os quatro cantos do mundo, um
dia aprendeu na casa do seu pai: “Quando um idoso morre, perde-se uma
biblioteca”.
Pedro Seromenho
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